A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com o Ministério da Saúde e Prefeitura de Belo Horizonte, realizou nesta segunda-feira (2/12), em Belo Horizonte, a abertura do treinamento de vigilância da febre amarela com ênfase na vigilância animal.

Crédito: Rafael Mendes

O encontro, que acontece até o dia 6/12, é direcionado às referências técnicas das secretarias municipais de saúde e busca trabalhar questões relacionadas à doença, como a sensibilização da população quanto a importância da vacinação, a vigilância das epizootias, que é a vigilância da circulação do vírus em animais com primatas, a vigilância vetorial, que são daqueles vetores que estão envolvidos na transmissão.

Segundo a diretora de Vigilância de Doenças Transmissíveis e Imunização da SES-MG, Marcela Lencine Ferraz, o objetivo é capacitar esses profissionais para serem multiplicadores em seus territórios, gerando benefícios e maior proteção para a população. “Por meio dessas atividades de capacitação, os técnicos estarão atualizados em relação a realização da vigilância e identificação de casos em animais primatas (macacos). Assim, conseguirão antecipar a identificação da circulação do vírus da febre amarela e implementar ações de maneira a evitar que ocorram os casos humanos”, explica.

O ciclo de transmissão do vírus da febre amarela no pais é o silvestre, no qual diferentes espécies de mosquitos (e.g., Haemagogus spp. E Sabethes spp.) atuam como vetores e primatas não humanos participam como hospedeiros, amplificando o vírus durante a fase virêmica.

Em 2024, foram notificados no estado 274 casos de epizootias de Primatas Não Humanos (PNH), deste total, sete tiveram resultado laboratorial positivo para febre amarela. Além do caso de Belo Horizonte, também, foram registrados dois casos confirmados no município de Bueno Brandão, dois em Ipuiuna, um em Santa Rita de Caldas e um em Extrema. “A detecção de um PNH com o vírus da febre amarela é considerada um evento sentinela em saúde pública, pois sinaliza precocemente a circulação do vírus e, consequentemente, o risco iminente de exposição de seres humanos”, alerta Marcela Lencine.

Cenário em Minas

Em 2023, foi registrado um caso em humano residente no município de Monte Santo de Minas. Porém, a infecção ocorreu em São Sebastião da Grama (SP). Em 2024 não houve caso de paciente residente de Minas Gerais. Todavia, um caso de paciente residente em Águas de Lindóia (SP), teve como local provável de infecção o município de Monte Sião (MG).

Ambos os pacientes não possuíam vacina contra a febre amarela e evoluíram para óbito.

Imunização

A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. Atualmente o esquema vacinal indicado contra a doença é uma dose aos 9 meses de idade e uma dose de reforço aos 4 anos. Para a pessoa que recebeu somente uma dose da vacina antes de completar 5 anos de idade, está indicada a dose de reforço, independentemente da idade atual.

Segundo dados do Painel de Vacinação do Calendário Nacional, a cobertura vacinal contra a febre amarela nas crianças menores de um ano de idade, residentes em Minas Gerais, no período de janeiro a agosto de 2024, é de 87,32%. A meta preconizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é 95% de cobertura.

Minas Gerais é considerada área com recomendação para vacinação contra febre amarela, desde 2008. “A vacina faz parte da rotina de vacinação e, também, é indicada para residentes e viajantes que se deslocam para áreas com recomendação de vacinação (ACRV) e países com risco para a doença, a partir de 9 meses de idade. Para os viajantes com deslocamento para ACRV, vacinar de acordo com as normas do Programa Nacional de Imunizações, pelo menos 15 dias antes da viagem”, acrescenta a referência técnica da coordenação Estadual do Programa de Imunizações da SES-MG, Aline Mendes Vimeiro.

Ações

Entre as ações de vigilância e prevenção da febre amarela em Minas estão:

  • Reunião com representantes dos municípios envolvidos com casos positivos e Ministério da Saúde.
  • Busca ativa por PNH e por vetores:
  • Orientação para intensificação vacinal e busca ativa por não vacinados nas áreas afetadas e ampliadas.
  • Realização de uma ação de controle vetorial – foco era o treinamento do Aero System.
  • Reunião de alinhamento para alinhar estratégias de fortalecimento de vacinação e parceria com outros setores.
  • Realização de qualificação para profissionais da assistência dos municípios com casos confirmados
  • Reunião de alinhamento com as regionais sobre as ações de vacinação nos municípios das áreas afetada e ampliada em decorrência da confirmação de epizootias.
  • Fortalecimento com a Atenção Primária à Saúde (APS), com a participação ativa de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de Combate às Endemias (ACE) para identificação de risco (macacos doentes ou mortos).
  • Comunicação de risco e redação de um alerta epidemiológico para divulgação a todos os municípios mineiros, com ênfase aos das URS de Pouso Alegre, Varginha, Poços de Caldas, Alfenas e Belo Horizonte.

Programação

Na programação dos cinco dias de treinamento estão previstos temas relacionados a apresentação do cenário epidemiológico e vacinal da febre amarela em Minas, experiências na vigilância da febre amarela no estado, estratégias de vigilância animal aplicadas às arboviroses silvestres, investigação e diagnóstico de casos, fluxo de encaminhamento e recebimento de amostras biológicas para a Funed, e métodos de coleta de vetores. Além de estudos de casos e atividades práticas externas.

Por Jornalismo SES-MG